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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Belo Horizonte

A multidão atônita espera a chuva cair, o cidadão anônimo chora no ônibus para que aqueles que o amam não veja sua estafa. E como bem sabemos, a fraqueza e o cansaço viraram doença, e a doença deve ser extirpada na circunstancia onde o céu é o limite.... o limite para o início da queda vertiginosa a cova.






Alguns recriam novidades, vendo a salvação perto e simples demais. Gritam, postam, curtem a pseudo-revolução, a insatisfação virou mercadoria, cartão de apresentação para a época onde o eu é o show e os gostos um chamariz. Chame seus amigos, mostre como você tem bom gosto, clássico ou moderno. A feira está livre ,escolha sua bandeira, marque, salve e envie sua revolução. Mas, não se esqueça, grite alto, em tempos de muitas vozes...ai, meus ouvidos!





Outros só fingem viver, não parecem saber muito bem o que acontece no ar e em suas linhas.Elas são os fios de cobre, só tramitem a informação.As coisas são fatos "provados cientificamente", o Natal é lindo e Feliz Ano Novo.

Sem rancor, estou de ressaca, estou em torpor

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Quanto mais você sabe quem é e o que quer, menos deixa que as coisas o perturbem"

Há muito tempo gostaria de inserir aqui no blog um texto menos subjetivo, e  por diversas vezes quis inserir este texto que fiz ainda no início da graduação em Filosofia, não por que ele seja bom -inclusive por vezes soa quase infantil (o que quis manter)- mas porque tenho um carinho especial por ele. Enfim, aí está, sei e compreendo que ele pode ser alvo de inúmeras críticas.Retirei muita coisa do original , inclusive regrinhas acadêmicas.Também não sou especialista em Cinema, portanto me desculpem os entendidos, deixando a leitura não como tese, mas como possibilidade.



“ Uma obra literária é a articulação de um intelecto. É a forma lingüística na qual um intelecto se realiza. Realizando-se, o intelecto participa da conversação geral. Uma obra literária é, portanto, um elo da cadeia de grande conversação que podemos, grosso modo, chamar de “civilização”. Como parte integrante da conversação tem a obra literária dois aspectos básicos. Encerra a conversação que lhe precede. E origina a conversação que lhe sucede ”.
Vilém Flusser .

 O conceito de“teia de relações” de Hannah Arendt e o filme Lost in Translation


No livro “A Condição Humana” de Hannah Arendt, podemos observar muitos conceitos, um grande número de questões e por conseqüência inúmeras possibilidades de trabalho. Portanto cabe-nos definir nosso objeto: a ação e o discurso como reveladores do agente na condição de pluralidade, e a relação desta condição na construção do que Hannah Arendt chama de “teia de relações”. Para abordar este tema faremos uma leitura do filme “Lost in Translation” de Sofia Coppola ou como traduzido para o português“ Encontros e Desencontros” a partir da obra “A Condição Humana” de Hannah Arendt.

Quando nos propomos fazer uma leitura de uma obra, no caso um filme, baseado em algo externo a própria obra, no caso um livro, é constante a sensação de que estamos imputando algo estranho a obra. No entanto devemos esclarecer que a leitura de um filme através de um livro nunca é ‘fechada’, ou seja, não é a última palavra, é antes um olhar dentre tantos outros olhares possíveis.

Inicialmente e de forma sintética faremos uma breve descrição da história de “Encontros e Desencontros”, para em um segundo momento apontarmos as relações possíveis entre os temas arendtianos e algumas cenas, ao final mostraremos como a “teia de relação” construída pelos dois personagens principais se esgotou na particularidade mesma de suas vidas.

Bob Harris é um ator em queda do cinema americano e está em um casamento sem diálogo que só continua devido aos filhos. Harris vai a Tóquio para gravar um comercial de uísque e encontra Charlotte, esta que está em Tóquio acompanhando o marido viciado em trabalho e que não lhe dá muita atenção. Os dois personagens se encontram, eles então no mesmo hotel e ambos enxergam no outro a condição de pluralidade (mesmo que eles não se conheçam), pois Charlotte e Harris se percebem como iguais, e constroem um diálogo que vai além da necessidade do trabalho, que até o encontro de Harris e Charlotte é a única forma de “diálogo” que aparece no filme.

Para Hannah Arendt a condição para a ação e o discurso é a pluralidade, a ação e o discurso só são possíveis entre iguais, pois é só pela igualdade que há compreensão mútua, só assim pode existir comunicação. Porém é por esta mesma igualdade que se torna possível e coerente a diferença, ou seja , se não houvesse algo semelhante, familiar, seria impossível identificar a alteridade, pois tudo seria diferente.Portanto é através do discurso e da ação que o homem pode se destacar entre seus iguais, pode se distinguir , comunicar a si mesmo e revelar “quem” ele é. Neste ponto destaca-se também o papel da natalidade, pois é a partir de cada novo nascimento,dentro das possibilidades do mundo ( da teia de relações existentes )e da história que este nascimento se dá, que há uma nova possibilidade de ação e discurso.

“ No homem, a alteridade, que ele tem em comum com tudo que existe, e a distinção que ele partilha com tudo que vive, tornam-se singularidade, e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade de seus singularesArendt, Hannah

Já no início do filme quando Bob Harris está no táxi após sua chegada a Tóquio e tenta ler os letreiros comercias em japonês se depara com o diferente, com a impossibilidade do discurso. Esta impossibilidade fica clara também quando Harris , já no hotel ao entrar no elevador , se vê como o único não japonês. Interessante notar que o primeiro encontro entre Charlotte e Harris irá ocorrer também no elevador, é quando Harris ao ver Charlotte encontra um igual, encontra a condição de pluralidade.

Diferente do trabalho, a ação e o discurso não produzem algo material, mas antes são caracterizados como eventos e mesmo que não os toquemos estes são reais. Só é possível o acontecimento de tais eventos entre os homens ( por isso sua condição mesma é a pluralidade) que se movem no mundo, “mundo este que se interpõe entre eles e do qual procedem seus interesses específicos, objetivos e mundanos ”.Esta relação entre os homens, esses interesses mútuos que os interliga uns com os outros, a isto Hannah Arendt atribui o nome de “teia de relações humanas”. Quando os homens estão inseridos nesta “teia” eles se distinguem pela ação e pelo discurso, e quando agem e falam os homens se revelam “quem são”, independentes do “que são”, ou seja, independente do que fazem, do que gostam..Mas estes homens, os agentes da ação, estão presos a historicidade que os determina, a contingência de sua ação está inserida em uma teia de relações anterior a eles mesmos.

O primeiro encontro entre Bob e Charlotte é posterior as enfáticas cenas de solidão enfrentadas tanto por Harris no quarto do hotel, quanto por Charlotte, que mesmo acompanhada do marido não estabelece um diálogo e fica por horas no quarto olhando pela janela observando a cidade que não lhe é familiar.

Sobre a construção de um lugar Hannah Arendt ao dizer sobre “A solução grega” nos mostra como para garantir a imortalidade de seus heróis os gregos criaram a Pólis, que não é meramente um lugar fixo ou físico, é a comunhão entre seus membros, entre os homens ( no caso grego cidadãos) que independente de onde vivam através do discurso e da ação criam um espaço comum da aparência .

“...a ação e o discurso criam entre as partes um espaço capaz de situar-se adequadamente em qualquer tempo e lugar. Trata-se do espaço da aparência , no mais amplo sentido da palavra, ou seja, o espaço no qual eu apareço aos outros e os outros a mim ”Arendt, Hannah

Se a autora se refere ao ambiente político grego isto não nos impede de entender também que uma vez criada a relação entre iguais, mesmo que não estendida à política, cria-se uma ‘familiaridade’ com o lugar que os agentes estão.Este ponto nos é fundamental para compreendermos que a cidade de Tóquio, tantas vezes vista por Charlotte pela janela de seu quarto como um lugar estranho irá se transformar em um lugar comum quando estabelecida a relação com Harris, isso nos fica claro quando ambos saem pela cidade durante a noite como se a cidade não lhes fosse mais estranha, e ao final do filme conseguem dormir naquela cidade. Portanto a ‘teia’ entre Bob e Charlotte deverá ser construída.

Os personagens estão no bar do hotel, Bob está sozinho no fundo do bar. Charlotte o observa e lhe oferece uma bebida, é a ação que caracteriza o reconhecimento, agora por parte de Charlotte, de um par dentre tanta diferença. Na noite seguinte ambos se encontram novamente no bar do hotel, agora sozinhos, e estabelecem o primeiro diálogo, o início da “teia”. Importante notar que tanto Bob quanto Charlotte estão ali devido a insônia talvez causada pelo fuso-horário, esta que funciona como símbolo da diferença dos dois personagens diante das outras pessoas que dormem , estas pessoas representadas na cena pela cidade ao fundo durante a conversa.

Na manhã seguinte Charlotte passeia por Tóquio, e uma cena nos chamou bastante atenção. Charlotte entra em um Fliperama e encontra vários jovens japoneses jogando calados, mudos diante das máquinas, eles não agem não conversam, apenas imitam comportamentos, como o jovem que toca uma guitarra eletrônica. Esta cena nos pareceu importante, pois reflete exatamente a falta de discurso mesmo entre os iguais, sintoma das sociedades de massa que cria uma cena paradoxal; na contemporaneidade as pessoas querem se distinguir como indivíduos singulares, mas contrariamente a mera repetição de comportamento o que de fato promove a distinção é a cena pública, o discurso e a ação entre homens semelhantes que formam uma comunidade e nesta podem se destacar. Não parece haver chance de uma ação e de um discurso novos ali naquele Fliperama, apenas repetição. Também nesta cena o espectador é levado a pensar que Sofia Coppola não escolheu Tóquio por acaso, pois é um lugar onde a língua é estranha aos ocidentais, mas é uma das principais metrópoles orientais que se caracteriza como uma cidade de pessoas atomizadas.

Após este passeio por Tóquio, já durante a noite, Charlotte e o marido estão no bar do hotel com mais dois amigos, e Bob também está no bar. Charlotte não participa da conversa em sua mesa, não há uma relação, uma ‘teia’ instituída ali, e isto fica claro quando o amigo de Charlotte ao dizer-lhe algumas palavras pergunta: - “Você endente o que digo?” e Charlotte diz : -“Não”. Então Charlotte vai para mesa de Harris.

No dia seguinte Bob e Charlotte saem com amigos.Todos vão para uma danceteria, espaço onde é impossível o diálogo, pois apesar do grande número de pessoas ali reunidas não há um ‘espaço público’no sentido arendtiano. Isto nos fica bastante claro não só pela música alta , como por dois pontos fundamentais, a saber , o fato de Harris só ser apresentado às pessoas e pelo fato do desencontro que ocorre entre Charlotte e Bob naquele espaço.No primeiro Harris é apresentado como o amigo ‘americano’, não se revela mais nada além disso, ele foi apresentado como ‘o que’ ele é, e a possibilidade através do discurso de se revelar ‘quem’ ele é não se efetiva.O segundo ponto , no desencontro entre Bob e Charlotte acontece a breve ruptura as ‘teia’ , eles não ficam juntos naquele espaço e para Bob se desfaz a condição de pluralidade que Charlotte representa.

Já no hotel, na mesma noite, os atores representam uma cena crucial. Charlotte vai ao quarto de Bob, pois ambos estão sem dormir, e após assistirem televisão deitam na cama e começam a conversar:

Charlotte: _ Estou estagnada. Fica mais fácil?

Bob Harris: _ Não. Sim, fica mais fácil.

Charlotte : _ É, olhe só para você.

Bob Harris: _ Obrigada! Quanto mais você sabe quem é e o que quer, menos deixa que as coisas o perturbem.

Charlotte:_ Só que eu não sei o que tenho de ser. ( então Charlotte faz uma longa descrição das coisas que já tentou fazer, como por exemplo escrever)

Bob Harris: _ Você irá descobrir. Não me preocupo com você.

Notemos, portanto que a ‘teia’ já é real entre Bob e Charlotte, e o mais importante, estes já não se definem ‘o que são’ mas ‘quem são’, pois Charlotte não define “o que ela faz”, e, portanto ela não se define por isso aos olhos de Harris, ela irá ser lembrada por quem é.

“ Na ação e no discurso, os homens mostram quem são, revelam ativamente suas identidades pessoais e singulares, e assim apresentam-se ao mundo humano [...]. Esta revelação de ‘quem’, em contraposição a ‘o que’ alguém é – os dons, qualidades, talentos e defeitos que alguém pode exibir ou ocultar- está implícita em tudo que se diz ou faz ” Arendt, Hannah

Quando um homem silencia-se e não age, segundo Hannah Arendt, ele não revelará quem é, tendo como predicado ao seu nome apenas algumas qualidades que não definem sua identidade, este homem se torna substituível, pois se pode encontrar as mesmas qualidades em outro homem em maior ou menor grau. Exatamente como não ocorre a Charlotte e a Harris, ambos parecem insubstituíveis, como canta Charlotte no Karaokê para Harris:

“_ Porque vou fazer com que você não veja mais ninguém aqui, ninguém igual a mim. Sou especial, muito especial...”.

Ao final do diálogo acima descrito no quarto do hotel, os dois personagens conseguem dormir, como finalmente se adaptassem a Tóquio, antes um lugar estranho e que agora, dada a ‘teia’ de relação entre os dois se tornou um lugar ‘familiar’.Mas essa relação terá que se romper.

A relação entre Charlotte e Bob irá se esgotar no dia em que ele volta os Estados Unidos. Eles se despedem timidamente no Hotel, mas já no táxi rumo ao aeroporto Bob vê Charlotte no meio das pessoas na rua de Tóquio, a identifica e a beija, então ela se mistura novamente na massa. Apesar do sentimento amoroso expresso na cena fica ao espectador uma sensação de que a dor da separação vai além do sentimento amoroso, é a noção de que as possibilidades do discurso e da ação se esgotaram ali, a ‘teia’ entre os dois se rompeu pelas circunstâncias e por uma ‘teia de relação’ anterior àquele encontro, pois Charlotte e Harris voltarão à condição não plural de suas vidas, a indiferença ao diálogo de seus cônjuges e amigos.

A história de “ Lost in Translation” é o encontro de dois americanos em Tóquio, encontro que cria uma “ teia de relação” entre pares que com o devir do diálogo os diferencia e os fazem revelar-se não só para o outro, como para si mesmos e também para o espectador, pois é importante notarmos que nós espectadores não temos acesso ( como temos em outras filmes) aos pensamentos dos personagens , é quando eles dizem algo que os conhecemos.É a história de duas pessoas em um lugar não familiar , onde a impossibilidade do discurso é suprimida pelo encontro de iguais, pela pluralidade.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

uma brincadeira

1 - Um livro que te faz lembrar alguém, e por que?


"Memórias do subsolo" Fiz uma pessoa questionar seu comportamento ressentido devido ao personagem do livro.

2 - Um livro que gostaria que virasse filme, e porque?
 Por enquanto, nenhum..

3 - Um personagem de livro favorito (pode ser homem ou mulher), e por que?
Vó Inácia de " O Cheiro de Deus", sempre gostei de personagens velhos e um pouco estranhos..

4 - Livro que te conforta, e por que?
Bíblia..sério..há.. vocês achavam que eu era atéia!

Dica da brincadeira: http://nerdburra.blogspot.com/

shine

Resignação pelo que se é;um espírito cigano autocrítico, incapaz de se firmar em um solo,colocando o maior números de pedras pelo caminho. Assim cada curva torna-se um troféu para ser comentado. Gritando a Deus as injustiças do mundo...


Não há redenção, porque as dívidas não existiam.Previa que a gratuidade do que era dado sairia muito caro. Agora o ânimo vaidoso segue rumo ao dobro de esforço para aquilo que seria simplesmente fato dado. Agora ânimo fadado.