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sábado, 23 de outubro de 2010

Pessoal

Todas as certezas que foram construídas nestes últimos anos não foram reiteradas hoje. Você não tinha um revólver, muito menos as balas. Eu estava enganada, quem atirou em mim foi meu espelho convicto, minha certeza. Foi você que me salvou naquele campo, e eu tinha a certeza que você que tinha me ferido.


Por algum motivo os médicos não conseguiram retirar as ligas de chumbo. Havia também, além da liga, um líquido que espalhou pelo sangue, uma espécie de veneno que corrompeu as idéias e a alma. E pensar que desde o início era eu....

Desculpe se me feri desde o começo, mas ainda é minha alma e ela está contaminada, me infectei de uma doença crônica cuja imaginação produziu os piores delírios.... Infelizmente o conhecimento da doença não traz a cura, e tive que me afastar porque os delírios voltam a cada minuto na sua presença . Não parece justo, nem para mim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A vida como recorte

Sempre me incomodei com a prática científica que consiste na pretensão de recortar a realidade, transformá-la em teoria para explicar essa mesma realidade. Essa tentativa me parece tão contraditória como tentar explicar o comportamento humano através da observação de um só homem.
Este incômodo estendido à vida , às nossas perspectivas me remeteu diretamente a tomada de posição . Posicionar-se sobre qualquer que seja o assunto; Direito, política, filosofia, estética etc.Sempre cobrei pureza ao me posicionar, sempre quis de mim um conhecimento absoluto do fato,da tese... de suas contradições, contra posições, consequências e fundamentos.O posicionar-se é definir-se ante as coisas e os seres, é escolher aquilo que lhe parece mais verdadeiro, melhor ( porque também inclui valor e moral - mas isso é outro assunto). Quando nos posicionamos definimos quem somos, e sempre trabalhei para que o meu posicionamento fosse o mais coerente e fundamentado possível. No entanto ( pode começar uma frase com "No entanto"? sou péssima em regras gramaticais), percebi que essa pureza é impossível, e depois de grande resistência procuro em quê me definir, qual minha postura diante do Direito, qual minha inclinação política, minha postura filosófica e meu julgamento acerca do belo.
Não sinto de forma alguma que isso seja uma espécie de derrota, mas uma permissão humana cuja prática tende a ser mais enriquecedora do que a negação de perspectiva.
A definição do meu olhar não é rígida por ter assumido um foco, antes é esse ponto que me fará observar o entorno, que me dará a perspectiva necessária para que eu note o conjunto do enquadramento. O posicionamento é um recorte, mas quando flexível,  me fornece a identidade fazendo com que eu note a diferença. Um processo de desenvolvimento constante que abole a alma à deriva.

* Essa divagação toda começou devido a uma frase que li pichada no muro de um viaduto na Av. Antônio Carlos em BH em um dia de congestionamento : "A pureza não existe". Fica aqui minha homenagem ao pichador desconhecido!
* Também me fez lembrar de escrever este post uma frase do meu antigo professor de Filosofia do Direito no twitter!