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sábado, 13 de novembro de 2010

A vida autêntica e seu contrário

Todo dia o falatório grita mais alto, e o próprio se esvai na inautenticidade, no impróprio que são eles, porque o próprio não parece digno de valor ( Mas o que estou escrevendo? Essas palavras são eles, e o valor é deles). Mas é possível desviar-se, podemos flutuar sobre eles quando quisermos. Imperador de si mesmo, no reino da História, da própria história para a morte, anímico para além da mera reação. Sejamos o aí, o presente não estático, que a angústia construiu e desenhou com traços perfeitos.

E o Direito? Falatório também, discurso impróprio, mera técnica...., não é minha construção para...., mas saber disto criou em mim a melhor postura possível, misturei o alemão,o francês e o romano : compreendi o fenômeno , me adaptei de forma charroniana - o qual pareço compartilhar com eles o que é deles (nunca fui muito de chocar)-educando o espírito para a imperturbabilidade.

O porto não é seguro, é de madeira gasta e mofada, mas é belíssimo, como deveriam ser todos os portos, porque aquilo que deveria configurar portos não é o signo da chegada - como eles ( os inautênticos) pensam -mas sim a abertura ao mar , às possibilidades de partida, de transfiguração e de história.

4 comentários:

  1. Eu gosto dessa viceralidade lírica com a qual escreve. Simplesmente me fascina!

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  2. Que belo, provoca um impacto em tanto esse rolo compressor de palavras e idéias que você põe a funcionar.

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  3. Adorei o último parágrafo: o porto como "abertura ao mar" em vez de "signo da chegada". Excelente imagem que ressoa com o Conto da Ilha Desconhecida, um dos textos que mais me move do Saramago.

    Sobre as dicotomias próprio-impróprio, autêntico-inautêntico, entre outras, penso que se trata de deslocar a hierarquia que as organiza. Nesse sentido, o uso das palavras geralmente valorizadas ("próprio", "autêntico" etc.) só pode ser promovido de maneira estratégica, não de forma atemporal. Bem, não sei se isso tudo tem muita coisa a ver com seu texto, mas enfim, achei que a conversa tomou esse rumo. E como um dos fantasmas que me assombra é aquele de Jacques Derrida, é na desconstrução que me destino a desorientar meus passos...

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